Trabalho escravo nas oficinas de costura
Nos últimos anos, muitas marcas de roupa foram flagradas utilizando trabalho escravo e, infelizmente, esses casos não são raros. Para aumentar sua margem de lucro e se eximir da responsabilidade de arcar com direitos trabalhistas, é comum que marcas populares e grifes renomadas do mundo todo contratem uma longa cadeia de fornecedores, ou seja, terceirizem sua produção. Com a falta de controle, os costureiros ficam mais suscetíveis à escravidão contemporânea nas oficinas de costura com condições precárias.
A reportagem é de Jéssica Stuque, publicada por ONG Repórter Brasil, 11-03-2016.
Para explicar como acontece essa dinâmica no Brasil, o programa Escravo, nem pensar!, da ONG Repórter Brasil, produziu o vídeo Trabalho escravo no setor têxtil, lançado nesta semana. Por meio de um diálogo casual entre duas amigas sobre um vestido comprado em uma liquidação, o vídeo mostra a relação das oficinas terceirizadas com a marca que as contrata. Também mostra as condições degradantes do trabalhador nesses ambientes, que em grande parte é decorrente da falta de vínculo formal de trabalho com a empresa.
Este é o quinto vídeo da série ENP! na Tela, que aborda, por meio da facilitação gráfica, os principais temas das formações e materiais didáticos do Escravo, nem pensar!, como o ciclo do trabalho escravo, o trabalho infantil, o tráfico de pessoas e a ocupação da Amazônia. Ele está disponível para download e também pode ser acessado em nosso canal no Youtube.
Mais sobre trabalho escravo no setor têxtil
Além do vídeo, o Escravo, nem pensar! também lança o fascículo Trabalho escravo nas oficinas de costura, que detalha os nós de produção dessas cadeias e ainda mostra como essa dinâmica tem como vítimas mais comuns migrantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica de países sul-americanos, que chegam aqui à procura de melhores condições de vida. Também constam na publicação a definição legal de trabalho escravo, casos reais de flagrantes do crime, e a história de um trabalhador que sofreu essa violação de direitos.
Os materiais foram produzidos com o apoio do Ministério Público do Trabalho.
Sobre o programa Escravo, nem pensar!
Coordenado pela Repórter Brasil, o Escravo, nem pensar! (ENP!) é o primeiro programa educacional de prevenção ao trabalho escravo a agir em âmbito nacional. Desde 2004, tem realizado atividades em comunidades de regiões de alta vulnerabilidade socioeconômica, suscetíveis a violações de direitos humanos como o trabalho escravo e o tráfico de pessoas. Suas ações de formação e prevenção já alcançaram mais de 170 municípios em dez estados brasileiros e beneficiaram mais de 500 mil pessoas. O programa foi incluído nominalmente na segunda edição do Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo e consta como meta ou ação de planos estaduais, como os do Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins.