Na saúde e na doença

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Na saúde e na doença

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Especialista afirma que homens casados reagem muito melhor ao tratamento

Há um ano, a vida da dona de casa Neusa de Azeredo, 60 anos, do Bairro Rio Branco, em Canoas, deu uma reviravolta. Ela decidiu deixar de lado as tarefas domésticas para trabalhar com o marido, Sedeni de Azeredo, 68, vendedor de artigos para decoração. Se a crise ou um rombo no orçamento foi o responsável pela iniciativa?

Nem um nem outro. Neusa tomou essa decisão por um motivo mais nobre: ajudar o marido a vencer sua luta contra o câncer de próstata.

– Ele ficava inseguro para chegar nos clientes. Foi aí que eu comecei a trabalhar com o Sedeni. Quando ele cansava, eu entrava em ação – diz.

Graças ao incentivo da esposa, Sedeni está vencendo a batalha. Neusa desconfiou das queixas do marido que relatava dificuldades para urinar.

– Nós conversamos, e eu disse para ele da importância de fazer os exames – conta ela em pleno Novembro Azul, mês oficial de combate ao câncer de próstata.Com muita relutância, Sedeni concordou.

No primeiro exame, os dois deixaram o consultório felizes, pois não foi detectado nada, e a vida seguiu com muito amor entre o casal.Porém, um ano depois, quando retornaram ao médico, Sedeni estava com câncer de próstata.

A notícia chegou como um terremoto na vida do casal.

– Eu falei: “Tô ferrado!”. Sempre fui muito ativo, saudável e achava que, comigo, isso nunca iria acontecer. Pensei: “Vou deixar de ser macho” – admite o vendedor.

Mas, mais uma vez, Neusa se mostrou uma companheira exemplar:

– Eu sempre disse para ele que o mais importante é a vida, estar saudável.

Carinho e otimismo

Primeiro, veio a cirurgia, em seguida, as sessões de radioterapia, e, agora, a fase dos medicamentos.

– A nossa rotina dentro de casa mudou muito. Se, antes, eu cuidava do meu marido, agora, é muito mais. Ele sabe que pode contar comigo. É aquela velha história: na saúde e na doença.

Eu tenho tudo sobre o câncer dele em um cronograma. Aliás, nada sai do meu controle – garante a mulher de fibra.Se sente indisposição e cansaço, Sedeni encontra na esposa o apoio necessário para enfrentar as dificuldades:

– Ela é quase uma doutora. Desde o início, esteve junto comigo, me incentivando, dizendo que a gente iria vencer essa.

Melhor remédio

O apoio feminino, segundo o oncologista do Hospital Nossa Senhora das Graças de Canoas Matheus Bongers Alessandretti, é um santo remédio para os homens.

– É fundamental. Pacientes que são casados reagem muito melhor ao tratamento, pois buscam mais, exatamente por serem incentivados pelas companheiras. No caso do Sedeni, podemos dizer que a mulher dele teve 80% de êxito no tratamento – afirma o especialista.

O aposentado reconhece que não conseguiria passar por tudo sem o incentivo de Neusa.

– Seria o caos se, além da doença, eu não a tivesse ao meu lado. O nosso casamento já tem 39 anos, e, depois da minha doença, a gente reforçou ainda mais os votos. Parece que temos mais afinidade e carinho.

Hoje, a gente se precisa muito – analisa ele, bastante emocionado.

Prestes a comemorar sua vitória sobre o câncer de próstata, Sedeni conta que, nesta semana, mandou uma mensagem para o celular de Neusa em forma de convite.

– Quando eu zerar e tiver confiança, nós vamos ao motel – promete ele, com olhar apaixonado para a eterna namorada.

Para seu amor buscar ajuda

– Segundo a coordenadora do programa  Saúde do Homem, Elisabete Kondach, a prefeitura de Canoas reforçou as equipes de médicos e enfermeiros nos postos de saúde. São 28 unidades trabalhando na campanha do Novembro Azul. O agendamento é feito pelo telefone 0800-6470156.

– Em Porto Alegre e no restante do Estado, procure as unidades básicas de saúde mais próximas de sua residência. Depois da consulta, o médico faz o diagnóstico e encaminha para um especialista.

Guerra declarada

– A cada ano, 60 mil brasileiros descobrem que são vítimas de câncer de próstata.

– 12 mil morrem da doença anualmente no país.

– No Estado, para cada 100 mil habitantes, 105 homens apresentam a doença.

– O câncer de próstata é o segundo mais comum entre o sexo masculino – o primeiro é o de pele.

– Quanto mais cedo se inicia o tratamento, a chance de cura fica em torno de 90%.

Fonte: diariogaucho.clicrbs.com.br