Mais saúde depois dos 40 anos

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Como mudar hábitos e ser mais saudável depois dos 40 anos

Aumento da expectativa de vida e mais cuidado com o corpo ajudaram a retardar processo de envelhecimento

A rotina repleta de viagens pelo país, as fartas refeições com clientes em bons restaurantes e o tempo escasso para atividade física transformaram Rafael Saraiva Homem de Carvalho. Perto dos 40 anos, o psicólogo se percebeu obeso — com uma média de 10 quilos acrescidos anualmente, chegou a pesar 110 —, estressado, cansado, sedentário. Aproveitou o simbolismo da idade redonda como incentivo para estabelecer metas e implementar grandes mudanças na vida pessoal e profissional.

— Eu não me reconhecia mais — recorda. — Botei os 40 como marco. Eu precisava tomar algumas decisões.

O “basta” de Rafael coincide com um novo marco relevante no processo de envelhecimento do corpo. A motivação e o susto que o impulsionaram têm se tornado cada vez mais frequentes nessa faixa etária. Com o aumento gradativo da expectativa de vida e uma série de fatores que interferem positivamente no estado geral de saúde da população, o início do processo de envelhecimento acabou sendo retardado.

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A virada para os 40 anos e seu forte componente emocional vêm representando o que a chegada dos 30 significava até tempos atrás. Há alguns anos, a decaída fisiológica começava ao se completar a terceira década de vida — atletas estavam se encaminhando para o fim da carreira, mulheres ainda sem filhos eram tomadas de uma sensação de urgência imposta por elas mesmas e pelos outros. Avanços na medicina, a melhora na assistência à infância — crianças bem alimentadas e com menos doenças se tornam adultos mais saudáveis —, a maior conscientização quanto à importância da alimentação e do exercício, além da redução do tabagismo e da exposição ao sol, estão contribuindo para esse “alargamento” das fases, tornando a meia-idade um estágio mais tardio, que se inicia por volta dos 40 ou 45 anos.

Mudanças socioeconômicas e de comportamento representam um impacto grande principalmente para as mulheres — antes eram comuns famílias grandes, com muitos filhos, e as múltiplas gestações, por vezes em um curto período, acabavam por impor alterações marcantes à silhueta. Hoje em dia, a mulher que tem apenas um ou dois filhos, e em uma idade mais avançada, acaba por preservar o corpo por mais tempo, em uma era em que o cuidado estético é supervalorizado. É possível alcançar os 30 com uma aparência muito semelhante à dos 20, e também atingir os 40 estando muito parecido com a fotografia dos 30.

— Lá atrás, o cara de 40 anos era coroa, com 50 já estava velhinho, aos 60 estava se terminando. Essas fases foram todas empurradas para a frente. Vamos ganhando anos de vida. Os 40 são os novos 30 — define o geriatra João Senger, vice-presidente da Sociedade de Geriatria do Rio Grande do Sul.

Para hábitos enraizados, mudanças graduais

A fase em que Rafael decidiu revolucionar a rotina é aquela em que o metabolismo passa a desacelerar com mais evidência. O corpo, à medida em que acumula anos, vai precisando de menos energia para funcionar. É preciso readequar a dieta: se mantiver o mesmo padrão alimentar dos 20 anos, o adulto de 40 pode perceber que está engordando, já que o organismo está consumindo uma quantidade menor de energia para manter o metabolismo. A prática de esportes é aliada para compensar essa modificação, ajudando na queima de calorias. Rafael cortou doces, refrigerante e bebida alcoólica, além de reduzir as porções de comida nas refeições. Buscou o auxílio de uma nutricionista e retomou a prática de corrida, abandonada devido à agenda frenética. Em 2014, quando completou 40 anos, correu a primeira maratona, concluindo o percurso em 3h23min. No ano seguinte, reduziu a marca para 3h17min. O psicólogo conseguiu emagrecer no mesmo ritmo em que ganhou peso, com uma média anual de 10 quilos perdidos.

— Fiz a mudança com alicerce, com base, não foi só para perder peso para o verão. Era para mim, para a minha vida, para os próximos 40 anos — conta o maratonista.

Hoje aos 42 anos, com 71 quilos, Rafael é proprietário de uma consultoria. O padrão de vida é outro, mais satisfatório, que permite também uma convivência de qualidade com os filhos. Como hobby, colabora com blogs sobre corrida e saúde.

— A corrida contribuiu demais para tudo isso. Metaforicamente, fez com que eu buscasse um tempo perdido. Se eu corresse, ainda daria tempo — compara.

Estabelecer metas e avançar de forma gradual, como Rafael, é uma estratégia com bom potencial de sucesso. Submeter-se a dietas restritivas demais ou a planos de exercícios extenuantes pode levar a resultados quase imediatos e empolgantes, mas que talvez não se sustentem por muito tempo. Para a nutricionista Denise Entrudo, mestre em Ciências Médicas e professora do UniRitter, alterar hábitos seguidos há 20 ou 30 anos tende a ser difícil, o que exige motivação e persistência para superar eventuais recaídas:

— A mudança tem de vir aos poucos. Normalmente, o que vem muito rápido vai embora muito rápido.

Fonta: zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2016/04/como-mudar-habitos-e-ser-mais-saudavel-depois-dos-40-anos-5709635