Dores na lombar
Dores na lombar são as mais comuns (e menos problemáticas) dos Pronto Atendimentos
Segundas, terças e quartas-feiras são os dias onde os médicos recebem mais esse tipo de reclamação, depois de um fim de semana de exageros na coluna vertebral
Reclamar de dor na região lombar da coluna, aquela entre o fim da costela e a parte inferior das nádegas, é uma das principais respostas que os médicos de pronto atendimento escutam dos pacientes. A reclamação é ainda maior nas segundas, terças equartas–feiras, depois de um fim de semana de exageros na coluna, como exercícios físicos sem o devido preparo ou aquela faxina completa na casa. O lado bom é que,geralmente, essa dor muscular não precisa de nenhum tratamento, além de uma medicação analgésica, repouso e calor local, e passa sozinha, entre uma semana e 10 dias, dependendo do esforço feito.
80% dos adultos terão algum episódio de dor lombar na vida, e entre 30% a 50% dos adultos têm algum episódio de dor lombar em um período de um ano.
Dores que geram preocupação dos médicos ortopedistas e reumatologistas têm outras origens. Uma lombalgia crônica dura em média três meses e não passa apenas com umanalgésico ou relaxante. Embora a intensidade da dor possa ser semelhante a um problema muscular, somam-se a ela outros sintomas, como febre, emagrecimento,dormência ou fenômenos de paralisia e irradiação da dor para uma ou às duas pernas. Isso pode indicar osteoartroses, desgastes dos discos intravertebrais, hérnias de disco,fraturas por osteoporose, e até mesmo câncer.
Para o diagnóstico preciso, além de um exame físico e histórico do paciente, o médico pode solicitar exames de imagem, como tomografias, ressonâncias e raio X, e exames desangue para descartar processos inflamatórios ou reumáticos. No caso das dores com origem muscular, que se resolvem sozinhas em poucos dias, os exames de imagem não mostrarão nenhuma alteração, portanto são desnecessários para o diagnóstico da dor e devem ser evitados.
10% dos adultos acima de 20 anos de idade têm uma dor crônica, persistente por três meses ou mais, com comprometimento das atividades em casa, de lazer e no trabalho.
Infecção urinária
Às vezes, a dor na região lombar não tem relação nenhuma com a coluna ou com as vértebras. Podem ser outras doenças que irradiam a dor para esta região, como umainfecção urinária, cólica de rim, cálculo renal, neuropatias como herpeszoster e causas vasculares como aneurisma da aortaabdominal. Problemas nos rins, por exemplo, também causam dor na região inguinal, enquanto uma infecção urinária com dor nas costas vem acompanhada, em alguns casos, de ardência na hora de fazer xixi.
Dor na gravidez
A partir do sexto mês de gestação, o volume abdominal aumenta consideravelmente e muda o eixo da coluna e o equilíbrio gravitacional das mulheres. Com isso, podem vir as dores na lombar. A dor tende a desaparecer com o nascimento do bebê, e o uso de analgésicos liberados pelo médico são suficientes, normalmente, para sanar o desconforto. Além disso, compressas mornas e exercícios durante a gestação também podem ajudar na dor. Se a mulher fizer exercícios antes da gravidez, é possível inclusive prevenir as dores lombares.
Lombalgias sem preocupação
Sinais de que a dor nas costas passará sozinha e não precisam de uma visita ao pronto atendimento:
– Melhora com repouso e piora no movimento.
– Pelas manhãs, tem uma rigidez que dura até meia hora.
– A dor é “latejante” ou “dolorosa”
– Não tem febre
– A dor não irradia para as pernas ou outras partes do corpo.
– Não há ardência ao urinar e nem dores intermitentes.
– Reflita sobre os últimos dias: começou um exercício novo, talvez de alta intensidade, que exigiu demais dos seus músculos? Esqueceu-se de se alongar adequadamente antes e depois da atividade? Resolveu aproveitar o fim de semana para limpar toda a casa? Senta-se frequentemente em uma postura inadequada?
Remédio perigoso – Os medicamentos anti-inflamatórios, embora muito usados no caso de dores lombares, têm um potencial de toxicidade muito grande, especialmente entre as pessoas acima dos 60 anos. Deve ser usado apenas sob orientação médica.
Fontes: Silvio Antônio, presidente da comissão de coluna vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Paulo da Fonseca, diretor científico da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, Gilberto Anauate, coordenador da equipe de ortopedia e traumatologia do hospital Santa Paula, SP, Marcelo Cury, ortopedista do hospital Santa Cruz e Rodrigo Meucci, professor de epidemiologia da faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).