Doenças do coração
Sintomas de infarto são diferentes nas pacientes, exigindo atenção redobrada.
Mais de 11 mil pessoas já morreram no Brasil somente nos primeiros dias deste ano, em decorrência das doenças cardiovasculares. Líderes de mortalidade no país, patologias como infartos, derrames e a hipertensão tiram a vida de quase 350 mil pessoas ao ano. Desse total, 30% corresponde às mulheres, o que supera os índices de óbitos provocados por tumores de útero (5.430) e de mama (14.388) juntos.
Embora o risco de câncer de mama continue sendo uma das principais preocupações relacionadas à saúde feminina, as doenças cardiovasculares ainda são as maiores responsáveis pela incidência de morte entre elas, conforme afirma a cardiologista Patrícia da Silveira Lages, do serviço de cardiologia para adultos do Hospital Infantil São Camilo.
Ela estima, inclusive, que, em 20 anos, o número de falecimentos em decorrência de doenças cardíacas entre as mulheres ultrapasse o de homens, devido a hábitos pouco saudáveis. “Essas são doenças multifatoriais, mas o estilo de vida que a mulher vem adotando e que antes era só dos homens – estresse, sedentarismo, tabagismo e dieta pouco equilibrada – é um fator que vem aumentando esses índices ao longos dos anos”, diz.
Como a doença cardíaca se manifesta de forma atípica na mulher, a paciente demora mais a procurar auxílio médico. Um exemplo é a forte dor no peito, que irradia para o ombro indicando infarto entre os pacientes do sexo masculino, mas não necessariamente entre as mulheres.
“A mulher pode apresentar falta de ar excessiva e sensação de dor no estômago que, na verdade, tem origem no coração. A dor no peito pode irradiar para o pescoço, o braço direito e as costas”, explica Patrícia.
Menopausa. Mudanças no estilo de vida são fundamentais para diminuir a incidência da doença, principalmente durante a menopausa. Nesse período, as chances de problemas do coração podem ser até três vezes maiores do que entre as demais mulheres.
“Isso se deve à proteção natural do hormônio estrógeno, que evita formação de placas. Na menopausa, que pode chegar entre os 40 e os 60 anos, a mulher deixa de ter essa proteção natural dos hormônios. Praticar atividade física, abandonar o cigarro, diminuir o estresse e o sódio na alimentação podem prevenir o problema”.
Indicadores
‘Cardiômetro’. Ferramenta de alerta para conscientizar a população sobre os índices de mortalidade por doenças cardiovasculares foi desenvolvida pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Flash.
Estatística. Em 2015, o Brasil registrou 346.896 óbitos decorrentes de doenças do coração, problema que mata duas vezes mais que o câncer e os acidentes, e seis vezes mais que as infecções.
Tabagismo e pílula aumentam o risco de sofrer um AVC
A associação da pílula anticoncepcional com o cigarro pode ser uma das piores combinações para a saúde cardiovascular da mulher. De acordo com a cardiologista Patricia da Silveira, essa já representa uma das maiores causas de infarto em mulheres jovens e em idade fértil, aumentando o risco de elas terem o problema em até 40 vezes.
As chances aumentam excessivamente porque a combinação do estrogênio semissintético com o tabagismo forma uma “bomba-relógio”, conforme alerta a cardiologista. “Esses dois fatores juntos aumentam as chances de formação de trombos (coágulos nas artérias), interrompendo a irrigação do músculo cardíaco e levando-o ao infarto. Pode causar o entupimento dos vasos das pernas, do pescoço, da cabeça, do coração e outros vasos do corpo. Por isso, é uma associação que não pode ser feita. Se a mulher quer continua fumando, ela não pode tomar anticoncepcionais, porque o efeito de um acaba potencializando o do outro”, afirma.
Patrícia também diz que cresce a chance de doenças vasculares periféricas, como varizes, tromboses e até o acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, a fumaça do cigarro provoca danos nas artérias do cérebro.
Além de evitar o tabaco, a médica afirma que é fundamental a mulher realizar avaliações médicas periódicas para detectar fatores de risco cardiovasculares, como a pressão alta, o diabetes e as alterações do colesterol, a partir dos 30 anos.
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