Doar-se só faz bem
Mais do que qualquer ajuda material, voluntários doam tempo e bons sentimentos para aqueles que necessitam
SUL FLUMINENSE
“Todo dia agradeço a Deus por mais um dia de vida. Todo dia agradeço a Deus por você e sua família. […] É importante ter felicidade e a liberdade que você tem. Nunca seja da turma do mal, seja da turma do bem”. O conteúdo especial do jornal A VOZ DA CIDADE de hoje começa com a canção ‘A Vida é Bela’ da dupla de palhaços Patati e Patatá. A homenagem vai para o cerca de 400 voluntários da região que não têm tempo para ‘palhaçadas’; eles trabalham sério levando amor e muitos risos para os que necessitam de carinho e atenção. Hoje contaremos as histórias dos Amigos Palhaços, Doutores da Esperança, Dolorindos Melhorando o Mundo e Doutoraço do Riso, que contarão um pouco do legado do serviço realizado com benefícios humanizados e holísticos e a importância de fazer o bem para o próximo.
AMIGOS PALHAÇOS
O grupo que abre esta matéria possui mais de 200 voluntários e leva o bem desde 2012. Ele foi fundado pelas irmãs Luana Emília Guimarães Braga e Ana Carolina, que levam hoje o trabalho da equipe em hospitais públicos, como o Hospital do Retiro e o São João Batista, e no particular, Vita. Elas também realizam visitas com os voluntários em asilos da região e demais eventos que são convidadas. “Eu fazia enfermagem na UFRJ de Macaé e quando estava de férias em Volta Redonda eu continuava o trabalho que já realizava no Brinca que Melhora. Por ser um projeto vinculado à faculdade eu não pude usar o mesmo nome aqui. Então eu, minha irmã e minha mãe fomos em hospitais em 2012 levar presentes para as pessoas hospitalizadas. Os amigos viram o que fizemos e se interessaram pelo trabalho, por isso colocamos o nome de Amigos Palhaços”, lembrou a voluntária.
“Eu penso que o grupo trás muito mais benefícios para os próprios voluntários. Vários me enviam mensagem falando o quão maravilhosos estão se sentindo. O quão o projeto mudou a vida deles. A humanização trás benefícios para todos, tanto para quem recebe o bem e principalmente para quem leva”, relatou a voluntária, ressaltando que o grupo não tem ajuda de custo e cada voluntário é responsável pela sua roupa e figurino.
Thiago Gomes no seu depoimento da primeira visita em um asilo da região expos que: “Estava um pouco nervoso, ficava pensando: O que eu vou falar com eles? Então entrei lá, e o clima estava tão bom, tão leve. Fui falar primeiro com o Seu Paulo. E que energia maravilhosa ele tem. Ele tem dificuldade na fala, mas é incrível como conseguimos entender. Dali pra frente foi tudo muito fácil, parece que o Seu Paulo estava ali exatamente pra nos recepcionar com aquele calor maravilhoso que ele possui”, relatou o jovem.
Dayane Cristina também é voluntária do grupo e fala da importância do trabalho. “Acho que nossa maior missão na terra é sorrir e fazer sorrir, correr atrás da tão famosa felicidade. E nós fazemos exatamente isso. Vamos onde não há mais esperança e plantamos ela. Ver alguém com dificuldade de locomoção tentar levantar as mãozinhas para nos imitar e formar um coração, ah… Tira-me o fôlego! Ver uma criança num leito tomando “água pela mão” e nos olhando nos olhos dizendo que querem ser super heróis como nós… Sem palavras! Quando fecho os olhos eu só consigo pensar e agradecer por uma coisa: eu faço parte desse time!”, descreveu a jovem.
DOUTORES DE ESPERANÇA
Há pouco tempo os Doutores de Esperança se tornaram um projeto da ONG ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais). A ONG vai ajudar a conseguir os recursos necessários para as ações para poder ajudar ainda mais pessoas. Os Doutores de Esperança, que possui 80 voluntários, é um grupo que atua com bom humor, vestidos de palhaços e utilizando um jaleco. “Acredito que o trabalho seja muito importante para as pessoas que estão hospitalizadas e com a saúde fragilizada, porque os voluntários acabam trazendo um clima mais descontraído pra dentro do hospital (que geralmente tem um clima meio tenso), e acabam divertindo não só os pacientes, como seus familiares e acompanhantes, a equipe médica e os funcionários”, disse Lívia Soares, assessora de imprensa do grupo. “Isso acontece até mesmo dentro dos asilos, onde geralmente a gente costuma tocar músicas, fazer brincadeiras e interagir com todos. As nossas arrecadações de alimentos costumam acontecer duas vezes por mês, onde fazemos cestas básicas com os produtos e doamos a famílias carentes. Esperamos que a cada dia a gente receba mais voluntários para que a gente possa ajudar ainda mais pessoas”, defendeu Lívia, lembrando que o projeto de humanização surgiu em 2013 e foi fundado por Betão Gentileza.
DOLORINDO
O próximo grupo que irá contar um pouco de sua história é o Dolorindo, que foi fundado há três anos e possui 25 voluntários. “Bom, não sei se acredita em Deus, mas foi com ele que tudo começou. Tive um sonho que estava vestida de palhaço e no hospital, fazendo crianças sorrirem e foi onde tive fé que iria acontecer e aí eu e uma amiga fomos atrás disso. Até hoje é um eterno aprendizado, mas conto com mais pessoas sonhando comigo”, coutou Rebecka Almeida de Queiroz, destacando que o trabalho é realizado, além de hospitais e asilos, em orfanatos e bairros carentes. “Acho que podemos ajudar a mudar um pouco a verdade que muitos tampam os olhos, a dos esquecidos ou dos que não têm fala porque a sociedade quase não se importa. E é com eles que fazemos nossa festa. Deixamos um pouco de nós neles e eles retribuem com mudança de comportamento, alegria, amor, carinho e muitos sorrisos”, comparou Rebecka, que defende que fazer parte do grupo é cumprir o seu chamado. “É literalmente fazer com que o meu desconforto seja o conforto de outros. Mais do que qualquer ajuda material, é doar tempo e bons sentimentos para aqueles que necessitam. É sofrer com os que sofrem e de alguma forma marcar a vida de cada um, mesmo que por uns minutos”, concluiu.
Guilherme é o palhaço mudo do grupo e fala sobre o sentimento em lidar com vidas. “Dolorindo para mim é um tratamento, onde levo alegria e sou revigorado. Levo amor e sou acolhido. A cada pintura é um novo descobrimento no mundo da inocência e da infância, tornando parte da vida de cada um que faz o clown (palhaço)”, delineou.
MELHORANDO O MUNDO
O último grupo deste conteúdo especial realiza há um ano e sete meses atividades externas com objetivo de incentivar as pessoas. Luciana Godinho Lasmar começou com os trabalhos logo após concluir seu curso de Direito. “Apesar de termos o nome que incita a melhora direta do mundo, nós levamos aos voluntários integrantes e aos assistidos do nosso trabalho a reforma íntima, por conseguinte, melhoramos o mundo pouco a pouco. Acreditamos que o mundo pode ser melhorado quando cada individuo tem a percepção que seus atos podem gerar grandes impactos”, apresentou a voluntária. “Acreditamos que o mundo pode ser melhorado quando cada individuo tem a percepção que seus atos podem gerar grandes impactos. Seja a mudança que você quer ver no mundo”, acrescentou.
Luciana explica que os trabalhos do grupo são realizados dentro de comunidades de Volta Redonda e algumas de Barra do Piraí. “São em média 30 pessoas fixas, mas nosso grupo conta com mais de 50 pessoas que ajudam. Nossos principais projetos são ligados à leitura, meio-ambiente, esporte e lazer”, narrou Luciana, relatando ainda que a união do grupo surgiu durante a distribuição de sopas em um centro espírita.
Mais informações do grupo no site melhorandoomundo.com.br.
DOUTORAÇO DO RISO
O nosso último grupo desse especial foi formado no dia 08 de agosto do ano passado por Marcelo Reis. “Nos somos em 60. Visitamos os asilos de Barra Mansa, conversamos com os idosos, cantamos com eles, dançamos. Uma série de coisas pra tentar amenizar o sofrimento de solidão e abandono que eles tem”, contou o fundador, lembrando que: “Arrecadamos alimentos em mercados para as pessoas carentes e até mesmo para os próprios asilos”.
O grupo também realiza trabalho em hospitais. “Constantemente viajamos ao centro do Rio de Janeiro para visitar crianças que lutam contra o câncer. Tanto no Hemorio, no Centro do Rio, quanto na casa Ronald, na Tijuca.
Além desses eventos fixos de humanização, fazemos eventos abertos, como festas beneficentes e campanhas de conscientização social, como os meses do Outubro Rosa (mês de orientação e prevenção contra o câncer de mama) e Novembro Azul (mês de orientação e prevenção contra o câncer de próstata)”, explicou Marcelo, lembrando que além de interagir nos bairros carentes em datas comemorativas, como: na Páscoa, Dia das Crianças, Natal – quando arrecadados – buscam distribuir brinquedos, a fim de amenizar certas carências nestes lares.
O grupo tem alcançado um bom reconhecimento em Volta Redonda, Barra Mansa e região. “É muito bom fazer alguém sorrir, quando tem mil motivos pra chorar, amo o que faço. E o objetivo do grupo é aproximar as pessoas mais de Deus de uma forma simples e suave, sem fanatismo religioso; e nos aproximar mais de Deus também”, finalizou Marcelo. “Sei que é algo simples, mas também sei que pequenos gestos realizam grandes sonhos”, concluiu.
Fonte: avozdacidade.com