Câncer de boca: mudanças que previnem

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Câncer de boca: mudanças que previnem

24-12

Câncer da cavidade oral está entre os cinco mais incidentes estimados para 2016

Agência Brasil

Quando aparecem na boca feridas indolores que não cicatrizam por mais de 15 dias, manchas ou placas vermelhas ou esbranquiçadas e sangramentos sem causa conhecida, são possíveis sinais de um câncer de boca. Por isso, ao identificar um ou mais desses sinais, é necessário buscar ajuda de profissionais dentistas ou médicos. Quanto mais cedo procurar ajuda, maiores as chances de cura.

O odontólogo examina a boca, e em caso de diagnóstico positivo, encaminha para biopsia. O professor de estomatologia da Universidade de Brasília (UNB), Paulo Tadeu de Souza Figueiredo, explica que o ideal é identificar o câncer antes dos sintomas aparecerem. “Quando o paciente detecta, é porque está em um estágio mais avançado. Então ele normalmente chega encaminhado por outros profissionais que detectaram as lesões. Esse diagnóstico inicial é muito importante, porque quanto mais precoce for identificada, maior a adesão ao tratamento e a chance de cura e sobrevida dos nossos pacientes”.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), sem considerar o câncer de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral está entre os cinco mais incidentes estimados para 2016, entre os homens são 11.140 casos, para 4.350 acometimentos em mulheres. A mortalidade também é maior entre os homens: 4.223 homens e 1.178 mulheres (2013).

O câncer de boca é extremamente invasivo e o tratamento pode ser muito doloroso para o paciente. A odontóloga e professora da Universidade de Brasília (UNB), Nilce Santos de Melo, explica que há uma dificuldade na detecção do câncer, e que isto está ligado ao grupo mais vulnerável. “O perfil do paciente é de mais de 50 anos, que fuma, que bebe, e geralmente homem. E esse perfil não procura muito o serviço de saúde”.

Informação

A informação é um importante aliado para trazer às pessoas aos serviços de saúde, mas ainda mais importante, e também mais difícil, é trabalhar mudanças de hábito da população. “Nós acreditamos que o que precisa é divulgar informação, propagar a informação, isso porque pra que o câncer seja detectado, é preciso que as pessoas conheçam, é preciso que as pessoas entendam os riscos, o que deve ser prevenido e o que deve ser evitado”, explica Nilce.

Comportamento

Conforme alertou a odontóloga, o câncer de boca é causado por fatores comportamentais, e pode ser prevenido a partir de escolhas, como parar de fumar e beber. Entretanto, essas mudanças não são tão simples de fazer, e ter o suporte de uma equipe multiprofissional de saúde pode ser um começo para vencer os vícios antes de chegarem a causar um câncer. Outro fator de risco é o HPV, transmitido por sexo oral. Atualmente, o SUS oferece a vacina apenas para meninas entre 9 e 13 anos de idade, e a partir de janeiro do ano que vem, para meninos de 12 e 13 anos.

Tratamento

Apesar de fazer o diagnóstico, o dentista não trata o câncer de boca. Após a detecção, o paciente é encaminhado para um oncologista ou cirurgião de cabeça e pescoço. Isso porque existem dois tipos de tratamento mais utilizados atualmente: a radioterapia e a cirurgia. A quimioterapia só é associada em pacientes graves que não podem realizar a cirurgia.

Paulo Tadeu de Souza Figueiredo, professor de estomatologia da UNB, explica que mesmo sem tratar o paciente, o papel do dentista é muito importante durante todo o processo. “O dentista faz uma preparação dos pacientes para o tratamento. Temos essa preocupação porque depois que algum tipo de efeito adverso ou sequela do tratamento acontece, é muito difícil de ser tratado”.

Além disso, Paulo também reforça que mesmo com todas as dificuldades, não se deve abandonar o tratamento. “É importante o paciente saber que o diagnóstico de um tumor maligno não é uma sentença de morte. E se ele seguir o tratamento e as condutas a risca, tem uma enorme chance de sobrevida”. O paciente oncológico precisa ter um suporte odontológico para o resto da vida, e de perto, com consultas frequentes. Afinal, mesmo curado, ele já teve câncer, e por ter tido a doença, precisa ter cuidados especiais.

Fonte: www.jornalcorreiodonorte.com.br