Alimentação saudável requer planejamento
Consumir alimentos saudáveis é prática cuja importância muitos reconhecem, mas que bem poucos desenvolvem. É difícil mesmo, verdade seja dita, não ceder à tentação de comer itens que agravam os fatores de risco responsáveis pelo surgimento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, infarto e outras.
E quase nada adianta também dizer que usar da moderação na hora de se alimentar ajuda. Não por acaso, as estatísticas sobre problemas decorrentes da indiferença à alimentação saudável atingem níveis alarmantes. A médica endocrinologista Larissa Teles Sanches lembra que mais de 50% da população, tanto masculina quanto feminina, estão acima do peso.
Essa condição, ela acrescenta, predispõe à diabetes Mellitus, do tipo 2, à hipertensão, à dislipidemia (nome dado ao colesterol alto). A soma dessas ocorrências resulta no perfil metabólico que pode resultar no infarto do miocárdio e no acidente vascular cerebral (AVC), além de abrir caminho para diversos tipos de câncer. Todas são doenças com elevado nível de morbidade e de mortalidade, explica Larissa.
E por que é tão difícil manter uma alimentação saudável, ou cultivar bons hábitos alimentares? A endocrinologista diz que, a princípio, é preciso considerar que “alimentos saudáveis são geralmente mais caros; logo, a questão financeira influencia a escolha. Já engordar, sai mais barato”.
Já quem, ao contrário, não abre mão de alimentos ricos em gorduras e açúcares, conforme Larissa, experimenta o chamado “bem estar momentâneo”. Esse fenômeno é provocado pela liberação dos hormônios do bem estar (serotonina, por exemplo), que acabam produzindo implicações sérias a longo prazo. Ela exemplifica: “Quanto mais comemos chocolate, mais nosso corpo pede.”
Segundo Larissa, alimentação saudável é aquela rica em fibras, com quantidade equilibrada de proteínas, e com carboidratos de baixo índice glicêmico (observado nos itens integrais). A especialista recomenda evitar ao máximo a ingestão de alimentos ricos em sódio, corantes, conservantes e ultraprocessados.
Outro aspecto destacado pela médica tem a ver com a equivocada associação que muitos fazem entre a alimentação saudável e a dieta. Esta consiste no verdadeiro flagelo de quem precisa segui-la. Para começar, afirma a médica, quem está disposto a manter uma alimentação saudável deve dispensar comidas rápidas e baratas e recorrer à organização e ao planejamento. “Nem todos estão dispostos a isso”, considera.
Boa notícia
A boa notícia, mas que não livra a todos de evitar excessos, é que de acordo com a nova postura alimentar, pode-se comer tudo, desde que moderadamente e dentro de um planejamento. Planejar, segundo Larissa, envolve ações como escolher os alimentos e fazer uso da disciplina, sem encarar essa tarefa com pesar ou sofrimento. “Afinal, alimentar-se bem é, fundamentalmente, também algo prazeroso.”
Ah, sim: de nada adiante seguir um modelo de alimentação saudável e deixar de lado a atividade física. Larissa diz que o exercício aumenta o consumo de calorias, o bem estar, diminui a ansiedade, a depressão e a compulsão alimentar. “Mesmo que o paciente mantenha o peso, praticar atividades aeróbicos 150 minutos por semana (ou 30 minutos por dia) promove benefícios à saúde. Devemos abandonar o sedentarismo o quanto antes.”
“O que se deve levar em consideração sempre é que desenvolver bons hábitos alimentares, evitar excessos, e usar da moderação ao comer não são práticas que impõem sacrifícios. É claro que existem dificuldades, mas o retorno obtido faz valer a pena. Quem, afinal, não quer ter boa saúde e ficar livre do risco de adoecer e até de morrer, conforme a gravidade do caso?”, pergunta a médica.
Fonte: www.jornalcruzeiro.com.br