Sete pontos para entender tudo sobre hidratação da pele
Um sabonete, um hidratante e um protetor: esses são os três itens básicos que devem estar presentes na necessaire para uma rotina de cuidados com a pele. Mas será que todos os hidratantes são iguais? “Não, e existem hidratantes que até desidratam a pele. Isso acontece em produtos que usam, na base, um tipo de tecnologia que ajuda a emulsionar (o etoxilado). Se eu tenho um emulsionante que tem essa capacidade de emulsionar água e lipídeo (os dois constituintes do nosso manto hidrolipídico) em um creme, na hora em que ele entra em contato com a pele, caso seja muito forte, vai emulsionar o meu manto hidrolipídico e, no lugar de hidratar, ele vai romper a função de barreira natural e vai começar a desidratar”, explica Isabel Piatti, especialista em Estética e Cosmetologia.
O ideal, conta Isabel, é buscar produtos com veículos à base de óleos vegetais, ricos em ômegas que formam uma segunda pele e protegem de forma mais efetiva diminuindo a perda de água por evaporação.
Quer saber tudo sobre a hidratação? A especialista explica em sete tópicos:
Como deve funcionar um cosmético hidratante?
“A definição de hidratar, em cosméticos, é de não deixar a água sair, pois a única maneira de colocá-la no corpo é via oral ou soro. Os cosméticos hidratantes têm a capacidade de recuperar as características normais da fisiologia da pele, equilibrando e mantendo a concentração de água em suas diferentes camadas, resultando em uma pele com viço, turgescência, aparência jovial e saudável. A oclusão, por exemplo, forma um filme que dificulta a perda de água transepidermal e auxilia na reposição do manto hidrolipídico, por meio do uso de óleos vegetais, manteigas e ceramidas. Já os umectantes são capazes de reter água da formulação, da atmosfera e do estrato córneo na superfície da pele, podendo ser aminoácidos, proteínas, açúcares etc.”
Qual o papel da barreira cutânea quanto à hidratação?
“Ela é composta pelas células do estrato córneo, pela emulsão epicutânea rica em EFA’s (ácidos graxos essenciais), pela flora bacteriana e pelos eletrólitos (fontes de energia) da pele. Ela é a primeira a funcionar como agente de proteção do tecido e sempre que sofre um rompimento ou desestabilização, deixa a pele mais susceptível a agentes irritantes e à perda de água transepidermal, o que a curto prazo acarretará na desidratação cutânea.”
Quais as causas de desidratação cutânea?
“Há fatores genéticos, como a deficiência da síntese de filagrina (componente ligado à hidratação) e fatores epigenéticos (tabagismo, etilismo, baixa ingestão de água, poluição, estresse, uso de cosméticos inadequados etc.). Além disso, algumas doenças (como hipotireoidismo), uso de medicamentos (como a isotretinoína) e alterações hormonais também estão ligados à desidratação da pele. Essas situações interferem na barreira cutânea de diferentes formas, mas o resultado acaba sempre na perda de água transepidermal. A pele desidratada apresenta opacidade, descamação, perda de viço e luminosidade, sensação de estiramento e coceira, redução de flexibilidade, áspera ao toque e sinais de envelhecimento, além de ser mais susceptível a vermelhidões e sensibilização.”
Pele desidratada é o mesmo que pele seca?
“Não. Existem peles oleosas que estão desidratadas e peles secas que estão hidratadas. Hidratação ou desidratação é a classificação da pele de acordo com sua capacidade de manter uma concentração de água ideal. Quando a classificamos com base nos diferentes biotipos, temos a divisão de acordo com a secreção sebácea: lipídicas (oleosas), mistas, normais e alípicas (secas). As peles oleosas produzem sebo em excesso, o que geralmente acarreta em excesso de higienização, mecanismo básico para a desidratação, afinal, o sebo é um dos componentes da barreira cutânea, mas não o único. Isso leva à desestabilização da barreira e à perda de água transepidermal.”
Peles maduras necessitam de cuidados especiais?
“Geralmente elas se apresentam mais desidratadas e secas devido à queda do metabolismo e à desestabilização da barreira cutânea com consequente desidratação. Mas esse mecanismo pode ocorrer em qualquer idade e está muito ligado aos cuidados com a pele e aos hábitos de vida (fator epigenético).”
Qual a importância da Base Cosmética em um produto hidratante?
“A base cosmética é fundamental para uma hidratação adequada e satisfatória. Produtos à base de óleo mineral são largamente utilizados, mas totalmente contraindicados, pois o grande problema é que por ser um subproduto da destilação do petróleo, o óleo mineral não tem nutrientes e nem é compatível com a pele. Por esse motivo, embora ofereça um período maior de deslizamento e ação oclusiva sobre o tecido, não promove real hidratação, pois não basta a oclusão, é fundamental a reposição da barreira cutânea a fim de recuperar a “adesão” da água com o estrato córneo. Já os óleos vegetais são ricos nos ômegas 3, 6 e 9, que são biocompatíveis com os ômegas encontrados em nossa pele, isso permite a reposição dos ácidos graxos essenciais e como consequência há a redução da perda de água transepidermal. Esta sim é a real hidratação do tecido, em que se recupera o mecanismo fisiológico de manutenção de água na pele. Além disso a pele fica mais susceptível a irritações cutâneas quando é utilizada uma base com óleo mineral, propilenoglicol e conservantes liberadores do formol.”
Qual a influência da hidratação no resultado de tratamentos estéticos?
“A base para um bom resultado estético, seja qual for a alteração tratada, é ter uma pele saudável, e parte fundamental disso é a hidratação, pois facilita a absorção de ativos e de condutibilidade de corrente elétrica (eletroterapia). Por isso, sempre use óleos vegetais, manteigas vegetais, PCA-Na, Pentacare, Ácido Hialurônico, Stimutex AS, Plantec Olive Active HP, Óleo de Rosa Mosqueta, Physiogenyl, Peptídeos de Aveia, Colágeno, Alantoína e outros”.