Zenilda – Um novo tempo com Deus
As pessoas podem fazer seus planos… — Provérbios 16:1
Nunca pensei que aconteceria comigo. Mas aconteceu!
Um exame, um diagnóstico, uma constatação médica, uma palavra que a gente nunca quer ouvir. “Seus exames nos mostraram que você está com um câncer de mama!”
De repente, sem que eu tivesse planejado, pensado ou até mesmo querido, tudo parou ao meu redor.
Câncer? Como assim? Eu?
Que susto! Logo eu que mantenho tudo controladinho, planejadinho, como isso foi acontecer? Meus exames no ano passado não apontaram nada!
Perdi o chão! Na realidade a gente quer ter o controle da vida, no entanto, sabemos que não o temos e ficamos assustados quando isso é nos mostrado tão claramente.
Mas Deus estava no controle e já sabia de tudo, pois Ele viu “quando os meus ossos estavam sendo feitos, quando eu estava sendo formado na barriga da minha mãe, crescendo ali em segredo” (Salmo 139:15). Minha história já era conhecida pelo Deus que é onipotente, onipresente e onisciente. Nada acontece sem a permissão dele. Tudo Ele sabe.
Era um novo tempo em minha vida e eu não sabia. Tempo de vale, de deserto, tempo de recolher-me, tempo de aprender novas lições, que até então eu não tinha experimentado. Tempo de calar e de ser carregada pelo Espírito Santo de Deus.
E agora, o que acontecerá? Como será o tratamento? Que reações eu terei? Quanto tempo isso vai durar? O que eu preciso fazer? Como conduzirei a minha vida? E a casa, o casamento, os atendimentos, os ministérios, a família, os amigos, os compromissos já assumidos? Essas eram as questões que vinham em minha mente numa velocidade espantosa.
E os sonhos para este ano? Afinal era 2014 e eu esperei tanto este ano chegar. Mudanças, aprendizados, novas experiências, fazer não do meu jeito, entregar-se, confiar, abrir mão, depender dos outros, REAPRENDER.
Novos Tempos!
Os primeiros, a saber, foram meu marido e meus pastores. Eu precisava me preparar para dar a notícia à família. Como eu falaria sem causar uma dor maior? Quando os exames terminaram, eu contei para cada um dos meus irmãos.
O apoio dado pela minha família, marido, irmãos, cunhados, sobrinhos, enteados, noras, genro e netas foi imprescindível para que eu continuasse firme acreditando que eu seria vencedora e que Deus faria um milagre me levando à cura.
A igreja foi informada pelo meu pastor, Sebastião Brito, e logo, logo se formou um exército de pessoas em oração por mim. Homens, mulheres, jovens, adolescentes e até as crianças foram chamadas a orarem pela minha saúde. Todos estavam diante de Deus, intercedendo pela minha vida e pelo meu tratamento. Cada dia chegavam mais pessoas e mais igrejas eram envolvidas para orarem por mim. Agradeço a Deus por tantos intercessores que me mantiveram em pé!
De longe chegavam notícias de pessoas que estavam orando por mim no Canadá, Estados Unidos, Japão, Alemanha e isso me surpreendia, porque as pessoas contavam umas para as outras e pediam oração nos grupos que elas participavam. Isso foi carinhosamente recebido por mim e passei a ficar mais firme e agradecida a Deus pelo que Ele já estava fazendo na minha vida.
Eu cria e creio no poder da oração!
Todos estavam empenhados em orar, ligar para mim e fazer algo por aquela situação.
Meu pastor, em um lindo ato de solidariedade, raspou a cabeça para me dizer: “Filhinha, estamos juntos nessa caminhada”. Foi emocionante e surpreendente essa atitude dele!
Junho de 2014 chegou e eu comecei o meu tratamento um dia antes do meu aniversário. A primeira quimioterapia vermelha, aquela que eu temia, foi o meu presente de aniversário.
Não era isso que eu tinha em mente, nem pensado e nem planejado. Pelo contrário, eu tinha reservado um restaurante um mês antes, para fazer uma festa com meus amigos e familiares e comemorar a chegada dos meus 60 anos. A lista estava pronta, o tema da festa já estava em mente, mas eu não sabia que Deus tinha outro plano para mim.
Minha oração naquele dia foi:
“Senhor, a minha vida está nas Tuas mãos e eu creio que os Teus planos são bons, perfeitos e agradáveis. Ajuda-me a passar por esse tratamento e esse vale”.
O amor de Deus demonstrado através das pessoas, foi muito, muito grande. Nunca me senti tão amada. Os amigos me mandavam pães, comidinhas, flores, livros etc. Mensagens chegavam pelo Facebook e até criaram uma página para mim chamada “Unidos pela Zenilda” com mais de 200 pessoas que oravam por mim, recebiam notícias sobre a minha saúde e me enviavam palavras de ânimo.
O Ministério de Mulheres fez um culto especial, antes de eu sair para o meu tratamento, no qual todas as mulheres cobriram as suas cabeças em solidariedade aos cabelos que eu perderia.
Queridos, se isso não for amor, o que entender sobre AMAR O PRÓXIMO?
Eu achava que ia fazer apenas as quimioterapias e, por mais que a médica me dissesse que o tratamento seria longo e envolveria também cirurgia e radioterapia, eu não queria compreender isso. Ela me dizia: “por que deixar algo dentro de você que poderá se manifestar como um vulcão adormecido, no futuro?” Deus me fez passar pelas três etapas do tratamento (quimioterapia, cirurgia e radioterapia) e eu entendi que Ele estava me levando a conhecer e vivenciar todos os passos para me usar de alguma forma no futuro e ser benção na vida de outras mulheres.
Em 2014, Deus tinha colocado no meu coração que desse continuidade ao tema que havíamos adotado em 2013 no Ministério de Mulheres da Igreja Batista Alameda e nós continuamos a trabalhar “Mulheres Anônimas da Bíblia — a história que Deus escreveu para elas”. Eu não sabia que seria como uma dessas personagens anônimas, dentre tantas mulheres com história de câncer, e que Deus usaria essa situação para que minha história fosse contada para abençoar a vida de muitas mulheres que passaram ou que estão passando pela mesma experiência que eu.
Meus primeiros dias em casa não me esclareciam “o que” Deus queria e “para o que” Ele usaria aquela doença, ou melhor, aquela experiência. Mas com o passar do tempo, o Espírito Santo foi ministrando ao meu coração e me trazendo entendimento do que Deus faria através daquela situação.
Paz que excede todo entendimento era o que eu sentia.
Certa vez, ministrei sobre a mulher sunamita e falei como ela teve um controle emocional para deixar seu filho morto, sair de casa e encontrar com as pessoas e responder às pessoas que lhe perguntavam : “Vai tudo bem?”, “Sim, tudo está bem!” (2 Reis 4:8-37).
Minhas reações à quimioterapia foram amenas e fora do padrão esperado. Não tive vômitos, enjoos, náuseas, como previsto pelos médicos. A reação do meu corpo era de uma fraqueza e me levava a uma prostração que eu não compreendia. Sentia um cansaço que não me deixava subir uma escada, sem me sentir esgotada. Mas suportei.
Na última sessão de quimioterapia vermelha eu estava tão fraca que fiquei seis dias totalmente sem forças para caminhar, levantar ou fazer qualquer esforço mínimo.
Nos dias mais leves eu li vários livros que me edificaram e me ajudaram a colocar minha fé e esperança nas mãos do Senhor. Como era bom ler histórias de pessoas que passaram por vales e saíram restauradas pelo poder do Senhor!
Em maio de 2015, EU VENCI O CÂNCER PELA GRAÇA DO SENHOR
Em junho, eu e meu marido fizemos um Culto de Gratidão a Deus por tudo que Ele fez na nossa vida.
Zenilda