Síndrome pós-aborto. você já ouviu falar?

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Síndrome pós-aborto. você já ouviu falar?

Muito se tem falado atualmente sobre o aborto voluntário ou provocado. Discute-se as motivações que levam uma mulher a optar pela interrupção da gravidez; alguns defendem a ideia de que a mulher, sendo dona do seu próprio corpo, pode escolher livremente o aborto; fala-se das consequências físicas e sociais do aborto; argumenta-se também sobre as consequências emocionais, profissionais e financeiras de um filho não desejado para a vida da mulher ou do casal. Porém, pouco se sabe sobre as consequências emocionais de um aborto provocado, uma vez que as mulheres que o realizam tendem a manter segredo a respeito do fato.

Ao atender mulheres que haviam praticado o aborto voluntário, estudiosos do tema começaram a observar que uma parcela significativa dessas mulheres relatava sintomas emocionais relacionados à perda do filho, como pesadelos com o momento do aborto, medo de não poder ter outros filhos, ou de ter filhos com deformações físicas, sentimento de culpa, desamparo e desproteção, insônia, depressão, oscilações do humor, desespero, queda na auto-estima. Às vezes relatavam raiva intensa, principalmente mulheres que de alguma forma foram estimuladas ou induzidas a provocar o aborto, quando as mesmas não sentiam segurança sobre sua própria escolha ou vontade.

Os sintomas desta síndrome podem não se desenvolver imediatamente após o aborto; algumas vezes aparecem somente após décadas, quando a mulher se possibilita pensar mais claramente sobre seu passado e o ato que praticou.

Embora se pense que a síndrome pós-aborto possa ter relação com a culpa provocada pelo fato de ser ilegal no Brasil ou por fatores religiosos, já se sabe que mesmo em países onde o aborto é legalizado, mulheres sofrem da síndrome. Nos Estados Unidos, onde as estatísticas são melhor conhecidas, 80% das mulheres com os sintomas da síndrome não professam nenhuma religião1. Porque então todos esses sintomas? Dentre outras possíveis explicações, o aborto fere profundamente a mulher em sua sexualidade e na sua função maternal. A mulher é aquela que gera vida, e não está em sua natureza destruí-la. Portanto, tal ação contra sua natureza lhe provoca sentimentos tão profundos e perturbadores.

Falar sobre a síndrome pós-aborto, tem, portanto, o objetivo de esclarecer sobre o que sente a mulher que o praticou, buscando orientá-la e estimulá-la a procurar ajuda para tais sintomas. Tem também a finalidade de prevenir o aborto, ao se esclarecer que essa não é uma ação sem consequências também para a própria mulher que o escolheu.

1 – Vilaça, Maria José. “Síndrome Pós Aborto.” Alameda digital. Actualidade, ideias e cultura. Ano I 4.

Dra Elke Fabiola N. O. Fernandes
Médica Psiquiatra – RQE 18066

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