Risco maior que o tabu

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Risco maior que o tabu

O câncer de próstata é uma das doenças que mais matam homens no Brasil e no mundo e está cercado de dúvidas e preconceitos acerca do diagnóstico e do tratamento

A cada dia no Brasil perdemos mais de 30 homens para o câncer de próstata. Os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer revelam que em 2015 ocorreram mais de 14 mil mortes pela doença em um ano. A perspectiva ainda é de que neste ano mais de 60 mil pessoas sejam diagnosticadas com o câncer. Diante de uma problemática tão séria, uma das principais saídas é o diagnóstico precoce que garante a cura em 90% dos casos. Ainda são elevados os números de mortes, mas são significativamente maiores os números cura. Deixar o preconceito de lado é escolher, antes de tudo, um caminho de vida.

E foi com o objetivo de conscientizar cada vez mais pessoas para a prevenção da saúde do homem que o Brasil aderiu nos últimos anos mais fortemente à campanha mundial Novembro Azul. “Essa campanha é muito importante. Faz as pessoas procurarem mais os médicos, deixarem o machismo de lado, e promove uma mudança cultural que é o que a gente precisa”, afirma o servidor público Aliatar Diógenes, 56.

Há cerca de dez anos ele realiza anualmente os exames de PSA (antígeno prostático específico) e o exame de toque retal. Para este ano, a consulta já está marcada.

“Eu acredito que infelizmente tem muito tabu nesse assunto, mas acho que está melhorando. Os homens precisam ir mais ao médico, se cuidar mais. As meninas já adolescentes iniciam tratamentos de prevenção e os homens ainda ficam muito distantes do cuidado à saúde”, acredita.

Para Aliatar, seria necessário trabalho de conscientização nas escolas para que os meninos, desde jovens, entendessem a importância deste cuidado e desmistificassem o preconceito.

De acordo com o médico urologista Ricardo Régis, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), ainda há um mito de os homens acharem que somente o exame de PSA (sanguíneo) é suficiente para o diagnóstico. No entanto, o toque retal é fundamental para um diagnóstico preciso. “Nem todo PSA alterado é câncer e nem todo PSA normal é uma negativa de câncer”, explica.

O exame de toque retal é eficaz, rápido e indolor. O profissional alerta que não se deve esperar o desenvolvimento de sintomas para a consulta ao médico.

“Quando esse homem desenvolve sintomas, esse câncer já tem pelo menos dez anos, a gente já perdeu dez anos no tratamento e talvez perdeu também a chance de cura”, explica.

De acordo com o médico, a distância do ambiente hospitalar se dá muitas vezes por fatores sociais. Entre eles, o fato de, mesmo diante da emancipação feminina, o homem também ser um dos provedores da renda familiar e, no âmbito público, a maioria das consultas médicas ocorrem em horário comercial. Outro fator é a menor oferta de urologistas.

“Nós, urologistas, carregamos essa bandeira: quero chamar as pessoas para que, assim como no Outubro Rosa, que cuida das mulheres, também cuidemos da saúde desses homens que são importantes para nós”, propõe.

Nesta edição, o Ciência & Saúde discute o câncer de próstata, as novas pesquisas acerca do diagnóstico e do tratamento e aborda fatores psicológicos de pacientes.

Fonte: O Povo